Um passeio inusitado. Assim foi a visita à Finca Vigia, a casa de Ernest Hemingway em Cuba, transformada em museu. Já tinha explorado a região bucólica de Maria La Gorda e Cabo San Antonio e mergulhado muito nas águas caribenhas de Cuba. Agora era hora de conhecer e desbravar os encantos de Havana. Este post te traz história e dica de literatura e cinema evolvendo Hemingway, um dos maiores escritores americanos de todos os tempos, e sua relação com Cuba.
Embora a visita tenha acontecido em 2013, lembro como se fosse hoje. Era um dia quente e peregrinava com uns mergulhadores por Havana Vieja, quando um deles sugeriu visitarmos a casa de Hemingway. Com dois corações, pois um ficou vagando por Havana Vieja, pegamos um táxi e seguimos para a Finca Vigia, nome da casa de Hemingway em Cuba.
Localizada a quase 30 quilômetros de Havana, na modesta cidade de São Francisco de Paulo, foi onde Hemingway escolheu passar bons vinte anos de sua vida - parte de 1939 até 1960. Finca Vigia foi comprada em 1940 por Hemingway, por $12.500. Lá viveu com duas das suas quatro esposas, Martha Gellhorn e Mary Welsh e lá, também, escreveu seus últimos livros, entre eles, ‘O Velho e o Mar’ (1952), que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura e sobre o qual falarei na sequência.
O quarto de Hemingway
Escritório
Atravessamos a pequena cancela, pagamos os 5 CUCs de entrada (cerca de 17 Reais) e adentramos em uma propriedade com muito verde ao redor. A primeira casa avistada é um anexo, feito em madeira e onde funciona a administração do museu e, logo ao lado, está a atração desta visita.
A casa é relativamente modesta e não permite visitação interna. É através das grandes janelas que observamos o mundo de Hemingway, enquanto escutamos as histórias contadas pelo guia. E através destas janelas conseguimos perfeitamente ver quantidade imensa de livros, algumas revistas e muitas cabeças de animais empalhadas, pois caça foi outra paixão do escritor, entre outros objetos.
Sala principal da casa
Numa área um pouco mais afastada da propriedade, existe uma piscina de tamanho considerável, onde Hemingway costumava receber seus convidados e por ali, muito, se divertir. A atriz Ava Gardner foi uma destas figuras. Pilar, o barco que Hemingway amava e utilizava para pescar também está ali exposto.
Finca Vigia foi comprada em 1940 por Hemingway, com o valor de um dos seus prêmios. Custou $12.500. Lá viveu com duas das suas quatro esposas, Martha Gellhorn e Mary Welsh Hemingway e lá também escreveu seus últimos livros, entre eles, ‘O Velho e o Mar’ (1952), que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura e sobre o qual falarei na sequência.
Pilar, o amado barco do escritor
Em 1960, a depressão consumia Hemingway. Ele deixou Cuba, retornando para Idaho, onde cometeu suicídio em 02 de Julho de 1961. Não se sabe ao certo se a viúva Mary doou ou se o governo cubano se apropriou da propriedade em plena Revolução Cubana, sabe-se que ela, apenas, conseguiu autorização para retirar alguns poucos pertences pessoais. Os outros permaneceram lá. Após muitos anos de abandono e outros tantos de restauração e recuperação, casa e propriedade foram transformadas no museu aberto ao público em 2008.
Hemingway teve uma relação com Cuba, assim como os cubanos tiveram uma relação com o escritor. Esta presença ainda pode ser vista por Havana nos locais antes frequentados pelo escritor. No Bar Floridita, inclusive, há um busto de bronze de Hemingway, como se ele ainda estivesse bebendo seus daiquiris no balcão, contemplando o movimento da casa. Também tem o famoso La Bodeguita del Medio, com destaque para os mojitos e o Grande Torneio Hemingway de Pesca, que chegou na 66° edição em 2016.
Para visitar a Finca Vigia:
Endereço: Cidade de São Francisco de Paula, seguir a Carretera 6
Horário: Segunda a Sábado, das 10h às 16h – domindo, das 9h às 13h
Preço: 5 CUCs
Site oficial: hemingwaycuba.com
. Sobre o livro O Velho e o Mar
O livro redeu à Hemingway o Nobel de Literatura em 1954. A história de O Velho e o Mar foi escrita e se passa em Cuba e no Mar do Caribe. É de se ler em uma sentada.
É a história de um velho pescador, Santiago, que após 84 dias sem sucesso, retorna em uma viagem sozinha para o mar. É quando entra a narrativa dos seus dias, suas ações de pesca, suas lembranças e seus devaneios.
O velho foi persistente e resistente. Falava sozinho. Não tinha mais seu amigo, o pequeno Manolin, o acompanhando em seu barco, para conversar quando fosse preciso. Nunca perdeu a fé em encontrar o seu peixe grande.
Eis que entra o tal peixe na história e começa uma batalha com o velho. O sol forte castigando o pescador e a linha cortando suas mãos não foram motivos para que ele desistisse do seu objetivo. Foi uma luta e tanto e venceu a determinação e experiência.
O peixe se rende e entram outros desafios no caminho do velho. Vou deixar este suspense no ar, pois vale embarcar neste clássico de Hemingway e aprender a superar desafios com o velho Santiago.
Capa do livro de 128 páginas (69ª ed - 2010)
. Sobre o fime Papa: Hemingway em Cuba
O longa metragem, de 110 minutos, foi lançado mundialmente em novembro de 2015 e só veio a mim quando procurando algo para assistir no Netflix há poucos dias. A produção é Americano-Canadense e os atores principais são Adrian Sparks, como Hemingway, Giovanni Ribisi, representando o jornalista, amigo e escritor da trama Denne Bart Petitclerc, e Joely Richardson, no papel de Mary, a quarta esposa do escritor.
Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um jornalista que escreve uma carta para Hemingway, de quem é grande fã e consegue um convite para visitá-lo em sua residência cubana, onde reside com Mary. A partir daí, os dois selam à sua amizade em pleno período da Revolução Cubana.
Dizem ser a primeira filmagem de Hollywood em Cuba, desde que Fidel Castro assumiu o poder em 1959. As cenas são ambientadas na própria casa de Hemingway, muito em seu barco - ‘Pilar’- e bastante no Floridita, um dos bares preferidos do escritor em Havana, que tive o prazer de conhecer, degustando uns vários daiquiris, ao som de uma animada banda cubana. O autor consegue transmitir muito bem os sentimentos e fase de amargura e depressão que resultou no suicídio de Hemingway após deixar Cuba.
Mesmo que as críticas ao filme não sejam sensacionais e eu também não sou crítica de cinema, apenas os aprecio, o filme faz a gente viajar por Cuba e, no meu caso, permitiu que eu revivesse meus bons momentos por lá! Assista-o e tire as suas conclusões!
Cartaz do filme
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Fantástico! Estou numa fase de fãzona do Hemingway! Esses dias acabei de ler Ter e não Ter, escrito nesta casa. O Velho e o Mar foi o primeiro livro de Hemingway que li. Agora estou em Paris é uma Festa, em que ele relatas as memórias dos anos 20 na capital francesa! Imagina se minha vontade de ir pra Cuba não aumentou???
ResponderExcluirPS: quero ver este filme! Beijocas! Lili @trilhasecantos
Que legal, Liliane! Várias coisas me incentivaram a escrever este post e eu até peguei 'O Velho e o Mar' para ler de novo. Fiquei feliz com a visita e empolgação! bjs
ExcluirMuito bom...quero me tornar um viajante!
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