Triângulo Dourado, Mekong e ópio

O desejo maior era conhecer o deslumbrante Templo Branco da Tailândia. A partir disso, fui apresentada ao Triângulo Dourado, região que faz fronteira entre Tailândia, Myanmar e Laos e ao Rio Mekong, um dos maiores do mundo em extensão e volume. Nunca tinha ouvido falar nele.

Sem saber previamente, o extremo norte da Tailândia está localizado em uma das mais críticas zonas de tráfico de drogas do Sudeste Asiático, por conta do histórico com a produção da papoula, matéria prima do ópio, componente de outras drogas pesadas. Inclusive, existe o modesto e interessante Museu do Ópio, como atração da região. Mas afinal, o que se faz pelo Triângulo Dourado?

Tour pelo Triângulo Dourado – Chiang Rai, Tailândia

O grande Buda dourado à beira do Rio Mekong

Uma longa distância separa a cidade de Chiang Mai ao Triângulo Dourado, em Chiang Rai. Foram muitas horas de estrada, com parada para um delicioso almoço típico em um restaurante de beira de estrada e para visitar o Templo Branco, que mostrei no último post.

Já tinha me dado por satisfeita. Agora era a vez de satisfazer uma outra companheira de passeio. Quando se sai em grupo é assim; todo mundo tem o seu espaço. E isso pode trazer novos conhecimentos e experiências.

A Região do Triângulo Dourado, no lado tailandês, é conhecida como Soap Ruak e fica ao lado do Rio Mekong até que ele encontre suas águas com as do Rio Ruak. É desse encontro que se forma o nem tão imaginário triângulo. Porém, o nome o nome “Triângulo” veio da época que a região era dominada pelo cultivo da papoula e comércio de ópio.

Buda em bronze, adorado pelos budistas

Por volta de 1902, o governo tailandês dedicou atenção a terminar com as plantações de ópio e incentivar o cultivo de produtos alternativos, como café, frutas e vegetais, incentivando a população local. Parece que na Tailândia deu muito certo. O problema, mesmo que em menores proporções, seguiu nos territórios do Laos e Myanmar.

A região do Triângulo Dourado é bastante turística. A primeira impressão ao se chegar lá foi “o que eu estou fazendo aqui”. Verdade. Salvo pela enorme estátua enorme e dourada de Buda na borda do Rio, o que se viu por lá eram várias barraquinhas de recordações ao longo de uma avenida estreita.

- Travessia do Rio Mekong até o Laos

Mercado de Donsao - Laos

Uma das atrações oferecidas no local é a travessia do Rio Mekong até a pequena Ilha de Donsao, no Laos. Para isso, nosso guia pegou nossos passaportes, algo que não gosto muito, e foi pegar a autorização para fazermos o passeio. Não é necessário visto e nem carimbam o passaporte, mas o controle é realizado. Tudo certo.

Vestimos coletes salva-vidas, nos acomodamos em fila no estreito barco e seguimos o curso do rio sem saber o que iríamos encontrar.

Crianças, com precária aparência de higiene, aguardavam ansiosos a chegada de turistas para pedir algum trocado no singelo píer. Donsao é um grande mercado de bolsas “genéricas”, roupas, artesanato e do tradicional whisky com cobra ou outro bicho dentro da garrafa. Tô fora!

Confesso que o fato de saber que iríamos até o Laos, outro país, gerou ingênua expectativa. Não tinha nada do Laos que eu já teria visto anteriormente em fotos ou experiências de amigos blogueiros. Demos uma volta pelo mercado “pega turista” e seguimos de volta para a Tailândia. Deixei o Laos verdadeiro para uma outra oportunidade!

- Museu do Ópio - Hall of Opium Museum

Já que… aproveite as oportunidades que a vida te coloca à frente. Vamos ao Museu do Ópio.

E não é que eu gostei? Suspeita resposta, pois sou curiosa, por natureza, e gosto de museus. O museu é simples, mas interessante. Passa pelas várias fases, desde o cultivo da papoula, comercialização, ferramentas de cultivo e de uso das drogas e a consequência do seu vício, fatos da Guerra do ópio, fotos diversas e lendas. Na saída, atravesse uma loja como sempre.

O museu cobra um valor simbólico de entrada; algo em torno de R$ 2 e não se permite tirar fotos internas.

Travessia do Rio Mekong

Enfim...

Pensando em todo o contexto que me fez optar por esse passeio, com certeza, valeu cada hora de estrada. Conheci algo que tanto queria: o Templo Branco, e da melhor maneira que poderia ser; em boa companhia e com um guia ótimo. Depois, veio conhecimento inesperado, experiência e várias histórias para contar.

Alguém precisa ir para qualquer lugar e contar como é e se isso tudo não passou em branco é porque teve o seu valor!